Boneco de Neve_canta “Eu
sou um boneco de neve, eu sou um boneco de neve…quem é que eu sou? Eu sou um
boneco de neve” …olha para o público: “Oh … o que é isto? … tanta gente… quem
são vocês? Onde é que eu estou?”
“Tantos meninos e meninas!! Vocês têm
quantos anos, uns 8, não é…? Fazem-me lembrar a história de uma menina da vossa
idade, a Celestina… aaahhhh… ela era mesmo uma menina celestial, tão boazinha
que parecia uma estrela no céu a brilhar para todos nós…”
“Sabem, a Celestina vivia no topo da Serra,
numa aldeia muito pequena e muito pobre… - Era Inverno! Uma noite de muito,
muito frio, e ela estava à lareira com a sua Avozinha…”
lareira
Avozinha_ Vá, Celestina, come o resto da tua sopa,
quentinha e acabadinha de sair da panela que aqueci ali ao lume!
Celestina_ Ó Avozinha, eu já comi… Esse bocado fica
para si!
Boneco de Neve - A verdade, é que a Celestina quase
não tinha comido nada, para deixar mais para a sua Avó, que estava cada vez
mais doente, pela sua idade avançada…
Avozinha_ Obrigada, minha linda! Sabes, foi com o
coração cheio de alegria que fiquei contigo cá em casa, a tomar conta de ti,
mas custa-me tanto não teres cá na aldeia nenhuma criança com quem brincares, e
teres de ir todos os dias 1 hora naquele autocarro tão velho e gelado para
poderes chegar à escola; custa-me mais ainda não ter quase roupa nem
brinquedos, nem comida (!) para te dar, para poderes crescer saudável e feliz!
Celestina -_ Não se preocupe com nada disso, Avozinha!
Dá-me já tanto, a senhora, com a sua preocupação, com a sua ajuda a ensinar-me
a cuidar da terra para dela obter frutas e vegetais, e dos animais que temos
para deles obter leite, ovos, e a lã que conseguimos vender na cooperativa…
deixe-se estar descansada que eu vou crescer e dar-lhe tudo de volta e muito
mais! Vá lá, agora vá dormir, já é noite e na caminha sempre ficamos
quentinhas! Eu vou também dormir. Boa noite, Avó!
Celestina dá um beijinho e vai-se
embora.
Boneco de Neve_ A Celestina estava triste e pensou nessa
noite em arranjar uma maneira de melhorar a vida da sua avozinha.
Celestina - _Amanhã, vou falar com a dona daquele
palacete, ali junto à Igreja, a Dona Maria Germana Vicência! Ela é tão rica, e
tão fina! Aqui na aldeia não há ninguém como ela! De certeza que me arranja uma
solução!
Boneco de Neve_ No dia seguinte, na casa grande do cimo da
aldeia, um palacete, lá estava a tal Dona Maria Germana Vicência! E a
Celestina, para falar com ela…
Palacete/relógio grande de parede
Celestina- _ Bom dia, Dona Maria Germana! Poderia
conceder-me o favor de ouvir o pedido que tenho a fazer-lhe?
Mª Germana- _Oooohhhhhh! Fale depressa! Tenho muito que
fazer: tenho de ir ter com a minha costureira ali ao Salão, para fazer a prova
do vestido que vou levar ao Grande Baile da cidade. Tenho de arranjar as minhas
unhas, tenho de ir ao ginásio aqui do palacete ter com o meu PersonalTrainer, o
meu treinador, para estar com este corpinho lindo e em forma e ainda tenho de
ir comer a refeição especial que o Chef Rui, galardoado com 5 estrelas
Michelin, tem para me presentear.
Celestina- _Claro que sim, Don. Maria Germana… sabe, eu
gostaria de saber se posso vir trabalhar para si, ajudar na lida da casa, ou
mesmo na cozinha… Sou ainda nova, mas aprendi a fazer muita coisa com a minha
avozinha, e posso trabalhar quando chego da escola…
Germana- _E esses ossos fraquinhos, aguentam subir e
descer escadotes para limpar os vidros?? E esses pulmões aguentam correr de um
lado para o outro a arrumar os quartos e a lavar a roupa? E essas mãos
conseguem trabalhar dias e dias na costura para me bordar os vestidos das
festas?...Se assim for, podes vir trabalhar, sim! Dou-te uma
refeição por dia e se gostar mesmo do teu trabalho ainda te arranjo um bilhete
para ires ao cinema! Ahahahaha
Boneco de Neve -_ A Celestina não tinha, realmente, muita
saúde para tudo aquilo… mas precisava de ajuda, e a refeição que a Dona Maria
Germana Vicência lhe prometia, apesar de tão pouco, serviria para garantir que
a sua Avó poderia comer algo de jeito, pelo menos uma vez por dia … O bilhete
de cinema… bom, esperava agradar no trabalho, para o receber… A Dona Maria
Germana era prepotente e abusadora, e oferecera o bilhete mais a gozar com a
menina do que outra coisa… mas ela ficara a sonhar com isso!
E assim foi… a menina fartou-se de
trabalhar, e a Avozinha sem saber como, tinha uma boa refeição todos os dias.
Mesa de refeição
Avozinha- _Celestina, ó minha menina… onde estás?...não a encontro… olha,
outra vez a comida já na mesa… o que será hoje?... hhuuummmm…. Bacalhau à brás!
Que bom, gosto tanto! Ontem era borrego no forno, no dia anterior era
caldeirada de pescada e antes, foi feijoada de coelho! Como é possível? Como é
que a Celestina tem cozinhado tudo isto… pobrezinha da minha menina? E onde vai
ela buscar o dinheiro, se nós não temos quase nenhum? Ela anda tão cansada,
coitadita… De manhã nem a vejo, tão cedo que ela sai para apanhar o autocarro
da escola… ao fim do dia, vem da escola, faz os trabalhos de casa, desaparece
daqui, e só volta já noite escura! Tenho andado tão doente que nem me tinha
ainda apercebido bem destas coisas…
Agora estou preocupada a valer!
Celestina, ó Celestina, onde andas??
Boneco de Neve - E naquela noite, uma vez mais, a Celestina
chegou já tão de noite que a Avozinha já dormia, com o calor da lareira a
aquecer um pouquinho aquela casinha pequenina e simples, mas tão cheia de amor
entre a neta e a sua avó! E amizade: a Celestina tinha um amigo especial – o
sr. Ratinho!
cama
Celestina - _Ufff… que cansaço! Tenho de ir dormir,
amigo sr. Ratinho… doi-me tanto tudo…
Rato_- Ó Celestina, mas tu andas a matar-te,
rapariga! A Dona Maria Germana Vicência é rica, mas não é tua dona! Não pode
tratar-te assim! Tu és uma menina, tens de aprender na escola, aprender em casa
com a família e amigos, crescer e viver todas as etapas da tua vida o melhor
possível… e essa senhora chique é tudo menos a melhor professora seja do que
for!... só sabe ensinar a ser má, a não respeitar os outros, a humilhar quem
quer partilhar o que sabe, a gozar ainda com quem procura ajuda… não senhor!
Ela merece é uma boa lição!
E é já!
Boneco de Neve - O Sr. Ratinho, afinal, era um duende
que se tinha disfarçado e aproximado da Celestina por pedido do Pai Natal!
Tinham visto tudo o que de bom aquela
menina fazia em casa com a sua família, na escola com a amizade para com os
seus amigos e o respeito para com os professores e auxiliares, e até no
palacete, onde ajudava todos os outros empregados que também eram quase
escravizados pela tal Dona Maria Germana Vicência. Ela era rica, sim, mas em
maldade.
Palacete/chocalho
Ratinho -_Dona Maria Germana Vicência! Sou um duende
e venho oferecer-lhe uma última oportunidade para se tornar numa pessoa boa e
amiga!
Germânia-_ Ora, ora, ora! Não chega seres um rato
desprezível e nojento, ainda por cima és um rato falante! Devo andar com
alucinações, tenho de ir falar com o meu médico particular para me mudar os
comprimidos
Ratinho -_ Não, sua maldade em pessoa! Tem andado a
espezinhar todaa aldeia e todas aquelesque lhe oferecem ajuda no trabalho… tem
andado a abusar da boa vontade de todos. Já no ano passado lhe demos outra
oportunidade para mudar a sua atitude. Não a quis aproveitar, quis apenas usar
e abusar do que o dinheiro lhe pode trazer… mas não conseguiu nunca criar uma família,
trazer amigos para o seu dia a dia… essas coisas são importantes de mais para o
dinheiro… Se quer ser sozinha e assustar os outros, arranjo-lhe já uma solução:
não vou alterar muito o que já acontece hoje: Vute,,vute,, vute…
ABRACADABRA, ABANA CHOCALHO! Vou-te transformar num espantalho!
Germânia -_Não!!....Não!....O meu palacete!... As
minhas joias…. A minha roupa…. Ooohhh….. Alguém me ajude!... Alguém… quem me
ouve?… aaaaaaahhhhhhh…… não está cá ninguém… nem tenho amigos para chamar….
Aaaaaaaaaa…………
E desaparece.
Aparece o espantalho, imóvel
Boneco de Neve - E e assim foi… a ricaça Sra. Dona Maria
Germana Vicência, afinal ficou, como dizia o duende Sr. Ratinho, como sempre
esteve: sozinha e a assustar os outros. Mas desta vez, e pela primeira vez na
vida, por uma boa razão: assustar, sim, mas os passaritos, e apenas para eles
não estragarem os cultivos da Celestina, na horta junto à casa da Avozinha.
Ninguém chegou a saber o que se tinha
passado. Um momento mágico de esquecimento passou pela aldeia, e ninguém mais
se lembrou do palacete e de uma Dona Maria Germana Vicência. Agora, da
Celestina e da Avozinha, todos na aldeia se recordavam do muito que as duas
tinham para partilhar com todos.
E na noite de Natal, sem saber como, a
Celestina viu, junto à vela que tinha à janela, um papel… um papel que ela não
conhecia… mas que lhe trouxe muita alegria! Era um bilhete de cinema!
(história dramatizada com fantoches) 3.º A
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